Encontro alerta para ameaças aos direitos humanos
Violência no campo e fim de direitos sociais são apontados como principais retrocessos
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Encontro Nacional de Direitos Humanos 2017
O Encontro Nacional de Direitos Humanos 2017 tem como tema as ameaças aos direitos humanos no atual contexto da democracia brasileira
Parlamentares, especialistas da área de Direito, professores universitários e representantes de movimentos sociais querem unir forças em defesa dos direitos humanos no País. A avaliação deles é que está havendo um retrocesso nesse campo, com conquistas históricas sendo banidas por decretos e medidas provisórias do governo federal em nome de um equilíbrio fiscal. Os retrocessos teriam a ver, por exemplo, com a precarização do trabalho no País.
As ameaças aos direitos humanos no atual contexto da democracia brasileira são o tema do “Encontro Nacional de Direitos Humanos 2017”, que ocorre nesta quarta (8) e na quinta-feira (9) na Câmara dos Deputados, por iniciativa das comissões de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, juntamente com o Conselho Nacional dos Direitos Humanos.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado Paulão (PT-AL) faz a leitura de que o Brasil vive hoje um “Estado de exceção”. “Há um ataque aos princípios da Constituição, à dignidade da pessoa humana. E ainda a questão da terra indígena e quilombola, o sistema prisional, o genocídio contra a juventude, o meio ambiente”, listou.
Também para o secretário de Direitos Humanos de Minas Gerais, Nilmário Miranda, a Constituição está sob ataque. “A liberdade plena de organização, com a criminalização dos movimentos sociais. O pilar do trabalho decente, a terceirização, a restrição do trabalho escravo. As conquistas da Previdência como direito de todos e dever do Estado. O direito à cultura, tudo isso aí está em questão hoje”, enumerou, por sua vez.
Prova do Enem
Como exemplos de retrocessos, os participantes do encontro citaram a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir nota zero para candidatos ao Enem que desrespeitassem os direitos humanos em suas redações; a portaria (já suspensa pelo STF) do Ministério do Trabalho que restringiu o conceito de trabalho escravo; e propostas já aprovadas ou em análise no Congresso Nacional, como a regulamentação da terceirização e a reforma da Previdência, respectivamente.
O presidente do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, Darci Frigo, lembrou que o órgão decidiu instaurar processo de apuração de condutas contrárias aos direitos humanos do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. Por outro lado, Frigo acredita que a bancada ruralista no Congresso libera o governo para agir de forma a aumentar a violência no campo. “Havia 30 assassinatos por ano no campo. Pulou para 60 em 2016 e agora já são 65”, contabilizou.
A violência também ocorre nas periferias urbanas. O deputado Paulão lembrou que no Brasil 60 mil pessoas são assassinadas a cada ano.
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